sábado, 22 de junho de 2013

SENADOR CRISTOVAM BUARQUE DEFENDE O FIM DOS PARTIDOS POLITÍCOS

Senador Cristovam Buarque defende o fim dos partidos políticos

Um dia após protestos registrarem violência contra militantes partidários, senador do PDT afirma que hostilidade é “uma renovação da democracia”
por Gabriel Bonis — publicado 21/06/2013 13:41, última modificação 21/06/2013 14:24
Renato Araújo/ABr
Senador pede o fim dos "partidos oficiais", mas diz que uma democracia não funciona sem partidos
Um dia após manifestações contra o preço do transporte público e outras pautas levarem mais de 1 milhão de pessoas às ruas de todo o Brasil, em protestos nos quais militantes de partidos políticos e movimentos sociais foram hostilizados, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu, nesta sexta-feira 21, no plenário do Senado, o fim dos partidos. Segundo o senador, essa seria uma boa resposta aos protestos. “Nada unifica mais hoje todos os militantes e manifestantes do que a ojeriza, a desconfiança, a crítica aos partidos políticos. Talvez seja a hora de dizermos: estão abolidos todos os partidos. E vamos trabalhar para saber o que é que a gente põe no lugar”.
Para Cristovam, sua ideia não ameaça a democracia. Em entrevista a CartaCapitalBuarque reconhece que “uma democracia não funciona sem partidos”. “Hoje, não há nenhum partido. Eles são clubes eleitorais. Não existe nada ainda que substitua partidos. Mais os atuais partidos não são partidos.” O senador propõe, então, a criação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer em um ano a reforma política sobre o tema, permitindo inclusive candidatos a eleições sem filiação partidária.
Segundo o pedetista, como não há partidos de verdade no País, a solução seria a criação de novas legendas com a reforma política. “Uma constituinte exclusiva pode fazer uma reforma para que os atuais partidos oficiais sejam substituídos por outros. Eles vão surgir, você cria o seu, eu crio o meu, e tentamos buscar gente que pense como a gente. E não gente que tenha interesses comuns na hora da eleição. Pode até ser que mantenham a mesma sigla, mas têm que se reestruturar e se livrar de quem não pensa igual, criar uma identidade ideológica.”
As manifestações pelo Brasil, diz Buarque, mostram que os atuais partidos “não servem”, não têm legitimidade e “têm que ser recriados”. A hostilidade contra manifestantes com bandeiras de partidos nos protestos, por outro lado, não seria algo antidemocrático, mas “uma renovação da democracia”. “O povão que não é filiado não se identifica com partido.”
Concretizar a proposta do senador pode ser um desafio constitucional. O artigo 17 da Carta Magna afirma ser “livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos”, desde que “resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo”. Mas como excluir os partidos sem ferir a noção de democracia e pluripartidarismo? “Vai depender de como fizermos a reforma política, mas acho que temos que ter eleições avulsas, permitir que pessoas sem partido se candidatem. A minha palavra [pela extinção é dos partidos] oficiais, que recebem dinheiro do fundo e tempo de tevê. Mas as pessoas vão continuar se associando politicamente [sem partidos]”, afirma.
Cristovam diz que a sugestão, divulgada também pelo Twitter, gerou repercussão negativa para sua imagem. “Nunca recebi tanta pancada. O mínimo que me chamaram foi de canalha e senil.”

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