Douglas Belchior conta sua experiência na avenida
Paulista: "rasgaram minha bandeira da UNEafro, um movimento social negro
que nada tem a ver com partidos, mas que não deixa de ser um"
por Douglas Belchior
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publicado
21/06/2013 15:41
Facebook / Douglas Belchior
Por ser um direito constitucional, é mais que
legítimo a opção de se afiliar ou adotar uma preferência partidária. Por
muitos anos, desde o início da minha fase adolescente até oito anos
atrás, fui militante orgânico do PT. Hoje tenho preferência pelo Psol e
não me sinto nem mais nem menos digno que qualquer outro com escolha
diferente.
Incentivo meus alunos e amigos a se afiliarem em um partido que se
aproxime das ideias que defendem (e, lógico, disputo essas ideias). Ao
mesmo tempo defendo e até admiro aqueles que, legitimamente, optam por
"tomarem partido" de não ter partido.
Reconheço que é cada vez mais difícil respeitar ou defender partidos políticos. A prática fisiológica, aliancista e acordista promovida nos últimos 10, 15 anos, desconfigurou o papel ideológico e de demarcação política que se espera dessas organizações. Isso, somado à prática sistemática da corrupção, tornou os partidos e a quem a eles se referencia, prévios vilões.
Ainda assim, apesar de todos os pesares – e são muitos mais e profundos que estes que relato aqui –, defendo os partidos. Uma sociedade dita "democrática", sem partidos mais parece ditadura.
Quando uma minoria não pode se manifestar ou é impedida de se expressar – seja com palavras, seja com bandeiras – e é reprimida, hostilizada ou violentada por isso, mais parece ditadura.
Nesta quinta, dia 20 de junho, estive, uma vez mais, no protesto do Passe Livre na Capital de São Paulo. Foi triste perceber fascistas escondidos por trás das bandeiras e do hino nacional sendo apoiados pela massa festiva, como se na beira do gramado.
É extremamente preocupante que um movimento tão massivo e espalhado quanto esse tenha sido desvirtuado por grupos neonazistas, fascistas, nacionalistas, carecas do ABC, skinheads, grupos racistas, tudo isso com o apoio fundamental dos grandes canais de TV e emissoras de Rádio.
É terrível essa dúbia sensação de viver um momento ímpar de mobilização e, ao mesmo tempo, perceber o movimento sendo catalisado, cooptado e apropriado pelas forças políticas que mais desgraças causaram ao povo brasileiro nesses 513 anos.
Esses grupos, além de reprimir e agredir manifestantes partidários, rasgaram minha bandeira da UNEafro, um movimento social negro que nada tem a ver com partidos, mas que não deixa de ser um.
Estive ali e vi se unir à linha de contenção e enfrentamento ao bloco nazi-fascista, companheiros de militância e amigos de diversos grupos, partidos e movimentos diferentes. O cordão humano formado para se defender da direita raivosa, representada por “bate-paus” fisicamente modificados em academias, precisa se repetir.
E penso eu, às 2h da madrugada e ainda sob o efeito da adrenalina: esse é nosso desafio... Esquerda de todo o Brasil, uní-vos contra a direita, forte, presente e raivosa!
*Douglas Belchior é professor de História e integrante da UNEafro Brasil, e esse texto foi publicado originalmente no seu blog pessoal.
retirado: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-bandeira-do-meu-partido-3725.html
Reconheço que é cada vez mais difícil respeitar ou defender partidos políticos. A prática fisiológica, aliancista e acordista promovida nos últimos 10, 15 anos, desconfigurou o papel ideológico e de demarcação política que se espera dessas organizações. Isso, somado à prática sistemática da corrupção, tornou os partidos e a quem a eles se referencia, prévios vilões.
Ainda assim, apesar de todos os pesares – e são muitos mais e profundos que estes que relato aqui –, defendo os partidos. Uma sociedade dita "democrática", sem partidos mais parece ditadura.
Quando uma minoria não pode se manifestar ou é impedida de se expressar – seja com palavras, seja com bandeiras – e é reprimida, hostilizada ou violentada por isso, mais parece ditadura.
Nesta quinta, dia 20 de junho, estive, uma vez mais, no protesto do Passe Livre na Capital de São Paulo. Foi triste perceber fascistas escondidos por trás das bandeiras e do hino nacional sendo apoiados pela massa festiva, como se na beira do gramado.
É extremamente preocupante que um movimento tão massivo e espalhado quanto esse tenha sido desvirtuado por grupos neonazistas, fascistas, nacionalistas, carecas do ABC, skinheads, grupos racistas, tudo isso com o apoio fundamental dos grandes canais de TV e emissoras de Rádio.
É terrível essa dúbia sensação de viver um momento ímpar de mobilização e, ao mesmo tempo, perceber o movimento sendo catalisado, cooptado e apropriado pelas forças políticas que mais desgraças causaram ao povo brasileiro nesses 513 anos.
Esses grupos, além de reprimir e agredir manifestantes partidários, rasgaram minha bandeira da UNEafro, um movimento social negro que nada tem a ver com partidos, mas que não deixa de ser um.
Estive ali e vi se unir à linha de contenção e enfrentamento ao bloco nazi-fascista, companheiros de militância e amigos de diversos grupos, partidos e movimentos diferentes. O cordão humano formado para se defender da direita raivosa, representada por “bate-paus” fisicamente modificados em academias, precisa se repetir.
E penso eu, às 2h da madrugada e ainda sob o efeito da adrenalina: esse é nosso desafio... Esquerda de todo o Brasil, uní-vos contra a direita, forte, presente e raivosa!
*Douglas Belchior é professor de História e integrante da UNEafro Brasil, e esse texto foi publicado originalmente no seu blog pessoal.
retirado: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-bandeira-do-meu-partido-3725.html
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