O ensino enfrenta grandes desafios nos tempos de hoje. Um deles
é formar cidadãos capazes de pensar, criar conhecimento e não
serem meros receptores de conhecimento já criados anteriormente.
Essa dificuldade pode ser vencida se algumas estratégias forem
adotadas durante os anos que o aluno passa na escola.
Introduzir o método filosófico no jeito de ensinar e aprender pode
ser um caminho. As escolas, em sua maioria, caracterizam-se por
trazer o professor como emissor/reprodutor de conhecimento e o
aluno como receptor, caracterizando uma falha do sistema ensino/aprendizagem. Quando o aluno, desde o ingresso na
escola, não é incentivado a produzir, buscar, criar e questionar
acaba por aceitar e repetir o que o professor apresenta, sem ser
capaz de argumentar,apenas reproduzir.
Em tempos de Google, essa tarefa pode ser ainda mais difícil se
não for bem desenvolvida. Em vez de ter a capacidade de seleção
de conteúdo, assume como verdadeiro o primeiro resultado de
uma pesquisa. Criar a habilidade de investigação é um passo a
ser seguido para uma educação pensante. Essa habilidade
se constitui pela capacidade de adivinhação (rapidez de raciocínio,
relação de ideias, predizer, interpretar), observação (curiosidade,
percepção, busca pelo saber), suposição (o que incentiva a busca
por respostas), busca de alternativas, de averiguação (indagar até
descobrir, pesquisar), imaginação, seleção de possibilidades
(distinção entre provável e possível) e formulação de hipóteses.
Outro passo
é a criação da habilidade de raciocínio. Essa habilidade
é composta pela busca de razões (pela imparcialidade, objetividade,
respeito pelas pessoas, busca de razões posteriores), pelo
estabelecimento de critérios,as inferências, o raciocínio analógico
(fazer analogias para a compreensão), relacionar parte-todo e fins
e meios (contextualização). Conceituação e análise
são outras habilidades que ajudam no processo de educação. Dessa
forma, o aluno consegue conceituar de forma precisa, comparar,
classificar e seriar.
O professor assume papel de mediador do conhecimento, ajudando
a construir. Nesse processo, o professor não se anula, pelo contrário,
além de proporcionar meios de uma educação mais
contemplativa,
também cria e desenvolve seu conhecimento. No entanto, o
educador
precisa ter conhecimento sobre o método filosófico,para desenvolver com qualidade e eficiência esse trabalho. Mais do que inserir a
filosofia como uma área a mais de ensino, com um período semanal,
por exemplo, o resultado será melhor se o método for multidisciplinar
e desde as séries iniciais até os níveis mais avançados da formação.
Só existirão cidadãos pensantes se a educação proporcionar essa
atitude de pensar. A qualidade da educação é proporcional ao
ensino que promove. Eis umdesafio para escolas e professores:
educar para o pensamento.
Cláudia Simões Brum
(Correio do Povo)
ANO 117 Nº 349 - PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário